quinta-feira, julho 14, 2005

Entrevista : Teruko Oda.

Teruko Oda é poetisa e educadora; autora de sete livros individuais, três publicações em co autoria, participação em dezenas de antologias no Brasil e no exterior. Seu novo livro, Flauta de vento, está com lançamento previsto para o dia 27 de agosto no SESC Santos e estará disponível nas livrarias a partir de setembro.
Há dez anos coordena o Grêmio de Haicai Caminho das Águas, que se reúne nos segundos sábados no Sesc de Santos/SP. As comemorações dos dez anos do grêmio começam no dia 27 de agosto, com abertura de Mostra e lançamento de Flauta de vento e vão até 11 de setembro, nas dependências do SESC. Algumas atividades estarão sendo preparadas para este período: oficina haicai, fotografia, arte do bambu, apresentação dança, etc
Uma antologia comemorativa será deve ser lançada em dezembro – será a sétima do grupo.
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Teruko, poderia contar a nossos leitores o que é o haicai?
Tendo como origem a estrofe inicial (hokku) do haikai renga, ou poema encadeado, alguns com cem estrofes ou mais, em seu aspecto formal (forma externa de apresentação do poema), é um terceto composto por dezessete sílabas distribuídas em versos de cinco, sete e cinco sílabas, respectivamente, geralmente sem título e sem rima.
Quanto ao conteúdo, os membros do Grêmio de Haicai "Caminho das Águas" seguem a escola dita ortodoxa ou tradicional preconizada por mestre Bashô, cujas características principais são a referência à natureza através do kigo (ou palavra de estação), a linguagem simples e despojada, e a não explicitação dos sentimentos do autor.
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Conte para nós como foi a trajetória do Caminho das Águas nesses 10 anos de existência.
Fundada em agosto de 1995, começamos as reuniões com cerca de dez membros, em uma das salas do SESC, local onde se mantém até hoje.
Ao longo dos anos, alguns se afastaram, outros se juntaram ao grupo e os encontros mensais têm sido realizados com a presença de cerca de quinze participantes.
Sempre tendo em mente o objetivo do Grêmio, que é o estudo, a prática e a difusão do haicai, foram publicadas seis antologias e apresentadas ao público três Mostras de Haicai. E para que se faça justiça, gostaria de registrar aqui a nossa imensa gratidão aos diretores e funcionários do SESC Santos pela cortesia e apoio às nossas iniciativas. Agradecemos, também, pelo patrocínio, que tem sido fundamental para a realização de nossos projetos.
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A integração do haicai à cultura brasileira já começa pelo nome; no resto do mundo o poema japonês é conhecido como haiku; aqui mudou de nome e ganhou novas vertentes: rima, título e irreverência com Guilherne de Almeida, Millôr, Leminski e outros inovadores. Goulart Gomes criou o movimento poetrix para englobar estas novas formas de tercetos. Qual a sua opinião?
Tenho visto, aqui e ali, as expressões haicai verdadeiro, hai-kai zen, haicai guilherminiano, haikais orientais, haikais ocidentais, haicais livres, entre outras, para designar tercetos sobre assuntos diversos. Independente do nome ou da grafia adotada, penso que o que diferencia o terceto do haicai (dito verdadeiro ou legítimo) é a forma de apresentação interna do discurso poético, ou a atitude que está na base do discurso.
Rima, título e mesmo a métrica, para mim são detalhes, assim como os "nomes de batismo" e as tendências de nacionalização ou ocidentalização do poema adotados por alguns autores. Nutro um profundo sentimento de respeito por todas as iniciativas, pois são contribuições valiosas para a definição de um caminho para o haicai brasileiro.
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Como educadora, você tem levado o haicai às escolas. Como é esta experiência de levar o haicai até as crianças?
Toda ação que visa acrescentar alguma coisa, é sempre muito gratificante. Mas as ações desenvolvidas junto às escolas são sempre mais gratificantes por envolver uma grande dose de afetividade, de emoções muito puras, sinceras. A criança que desperta para a poesia parece despertar também para o lado mágico da vida com a auto estima lá no alto. É muito bom viver a alegria desses momentos.
Mas, nos últimos anos, tenho ido muito pouco às salas de aula, pois temos priorizado o atendimento aos professores, em oficinas de período integral, como estratégia para levar o haicai ao maior número de alunos. Esperamos que cada professor participante venha a ser um novo núcleo de difusão do haicai.
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Deixe uma mensagem a nossos leitores.
Quem se ama, ama a natureza. Cuide bem e ajude a preservá-la para que a primavera seja sempre presente em seu coração.
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Na tarde sem sol
folhas secas projetando
sombras em minh’alma.
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Teruko Oda
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Boneca se aquece
com o meu chapéu de lã.
Eu visto saudades.
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Teruko Oda

quinta-feira, julho 07, 2005

Curiosidade

Fonte: De Edgar Allan Poe, em "A filosofia da composição" :

"Gustave Flaubert, amigo íntimo da família de Guy de Maupassant, era para ele um mestre rigoroso e eficiente, que lhe apontava defeitos e impedia a publicação de obras imaturas. Assim, em 1880, ao lançar sua preciosa novela "Bola de Sebo", Maupassant celebrizou-se de um momento para outro, pela excelência de seu trabalho."
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Lançamento virtual:
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Magiacontos e crônicas.
Os melhores textos de Sonia Rodrigues, cuja edição em papel está esgotada, estão agora disponíveis no endereço:
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www.portalcen.org/bv/sonia/sonia.htm
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Vale a pena conferir.
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Boa leitura.