domingo, outubro 23, 2005

Entrevista com o ativista cultural César Malaco.

César Malaco, formado em Publicidade e Propaganda, é proprietário da Superbanca , que tem como diferencial a variedade de produtos e serviços, além das iniciativas sociais, culturais e ambientais.
Aliás, dá palestras sobre o tema.
c.malaco@litoral.com.br
A comunidade "Superbanca" pode ser visitada no site orkut.

Antigamente a banca era o local onde se ia comprar jornal - ou, no máximo, uma revista. Hoje tem banca com fax, sorvete, doce, utilidades diversas, até venda de ingressos para espetáculos. Como você vê esta evolução - ou distorção - das bancas?
Na verdade, não existe distorção, e sim uma evolução da atividade. Com o passar do tempo as bancas de jornais, precebendo que ficavam mais horas abertas do que outros estabelecimentos, resolveram oferecer outros tipos de serviços e produtos, como os citados acima. Na verdade, a evolução das bancas acompanha a evolução da própria sociedade. É bom lembrar que a venda de artigos "extras" depende da legislação municipal de cada cidade, e aqui em Santos isso foi conquistado em 1998 com uma lei moderna e atualizada. Esta lei foi aprovada graças À Assoc. dos Jornaleiros de Santos, com o apoio da Câmara dos Vereadores (em especial os membros da CEV que tratou do assunto) e sancionada pelo ex-prefeito Beto Mansur.
Na 'Superbanca', vc. encontra serviço de fax, revelação de filmes, encadernação, papelaria e conveniência, livros espíritas, livros novos e usados.


César, como surgiu a idéia do Porto das Letras, a ‘livraria regional’ que funciona em sua banca?
Como os autores e o público receberam a idéia?
O Objetivo maior foi oferecer mais um espaço ao escritor regional. Já havia realizado duas manhãs de autógrafos e achei que o 'Porto das Letras' beneficiaria ainda mais nossos escritores. Investir na cultura, em especial nos artistas da região, é um dever e ao mesmo tempo um prazer meu como cidadão. A aceitação está sendo muito boa, por parte de ambos, escritor e público.


Você ficou conhecido na cidade através do jornal Superbanca, que divulgou escritores, livros e projetos culturais em seu bairro. Comente esta experiência.
A 'Gazeta da Superbanca' surgiu em 12 de outubro de 1997 e foi editada mensalmente por 5 anos. O objetivo principal era levar as ofertas e promoções da banca, mas sem deixar de lado o relacionamento com o bairro Aparecida. Por isso, publicava notícias, curiosidades e informações de grande utilidade para a população, que acabou adotando a 'Gazeta' como um porta-voz. Eram reclamações de buracos na rua, pedidos a autoridades, cartas de leitores, etc. Uma prova disso, foi a caixinha de coleta do Correio que está ao lado de minha banca, pois a 'Gazeta’ foi fundamental neste processo.
Também procurava noticiar o que a grande mídia não noticiava como a história das ruas, curiosidades das eleições, etc.

Faça um resumo - ou pequenos artigos, de uma lauda, como preferir - sobre os projetos que deseja divulgar.
Além da questão cultural, nosso envolvimento com a população se dá na área social e ambiental. Por exemplo, ultimamente realizei uma campanha de reciclagem que durou cerca de três meses e hoje estou com a campanha "Utilize o verso do Papel", onde dou gratuitamente um bloquinho de rascunho para os clientes. Fiz promoções do tipo ’compre e ganhe’, sorteios em datas especiais e doações de brindes, que resultaram no aumento das vendas e na fidelidade do cliente. Também utilizo papel reciclado, recupero água da chuva e recolho pilhas usadas e baterias de celulares que, se jogadas no lixo comum, poluem o solo e os lençóis freáticos.

Aconteceu algo curioso em alguma de suas manhãs de autógrafo?
O mais interessante destes encontros é poder rever amigos e parceiros que não vemos há tempos. Além disso, tive a oportunidade de conhecer pessoas com quem até então só me comunicava por e-mail ou telefone. Um dos fatos mais marcantes foi a presença do Grupo Orgone de Teatro no evento "Dia do Leia Mais", uma mini feira de livro realizada em agosto de 2004.

Como o público reage ao sebo?
Muitíssimo bem. Dizem que o brasileiro não lê porque não tem cultura. Eu digo que o brasileiro não lê porque livro é caro. A prova disso foi o enorme sucesso do 'Dia do Leia Mais' - que teve o apoio da SECULT , do Depto da Atividades Culturais da Prefeitura de Santos, da imprensa de maneira geral e do Gpo Orgone de Teatro - onde coloquei livros a partir de R$ 3,00. Teve gente que aproveitou para levar diversos livros de uma só vez, ao mesmo tempo em que algumas pessoas chegaram a comprar livros com o troco do supermercado. Hoje mantenho um acervo de sebo na banca e tenho parceira com livrarias do gênero. Resultado: As vendas são muito boas.

Parece que não há interesse por parte dos editores brasileiros em baratear o preço do livro. O luxo das capas denunciam isso. Na França por exemplo, o mesmo livro sai na versão normal e na versão de bolso, que é feito em papel jornal com uma capa mais simples e custa cerca de 3 Euros (+_R$ 9,00) a menos.

Além disso, a distribuição do livro no Brasil muitas vezes é feita para uma 'panelinha ' de livrarias, não abrindo espaço para outros tipos de comércio, como as bancas. As gravadoras de CD usavam o mesmo sitema e deu no que deu: estão falindo e os músicos estão procurando as bancas de jornais para lançarem seus discos. E pasmem: Muito mais baratos!!!!

Fale um pouco de suas parcerias - quem são e como funcionam.
Nossa, felizmente, há um monte de gente. Para não prejudicar nenhum parceiro na hora de citá-lo, digo que tenho parcerias com escolas privadas, associação do bairro, grupos literários, grupos ambientais, ongs, órgãos públicos municipais, vereadores, livrarias, sebos, veículos de comunicação, comerciantes, além dos prestadores de serviços. Felizmente tenho ótimos parceiros que estão há anos comigo. Funcionam da seguinte forma: a parceira tem que ser boa para mim, para o parceiro e para o consumidor final !

Quais seus projetos para o futuro?
Uma reinauguração da banca, que está ganhando nova pintura. Quem sabe uma nova feira de livros? Continuar a dar palestras sobre Responsabilidade Social e outra novidade que, por enquanto, é segredo...

Quer deixar uma mensagem para os leitores?
Lembre-se de que você é parte do mundo e pode torná-lo cada vez melhor, mesmo nas pequenas ações.
Será um prazer recebê-los em minha banca e tê-los como membros de minha comunidade no orkut. Também estou aberto a novas parceiras.

Um comentário:

Roberto Iza Valdés disse...
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