terça-feira, março 22, 2005

Hoje é seu dia de sorte!

Conta-se que, em Bagdá, os invejosos murmuravam:
Por que Aladim julga ser melhor do que nós? Ele é rico, casou-se com a filha do sultão, tem uma lâmpada maravilhosa... Pura sorte!
Até os ministros conspiravam:
Eu também, se tivesse um gênio a me servir...
Ora, Aladim resolveu fazer uma experiência e chamou o sultão e o grão-vizir como testemunhas. Esconderam-se em uma das curvas da estrada que ia para Bagdá e Aladim ordenou ao gênio:
Você vai conceder um desejo a cada pessoa que passar por esta estrada.
Logo passou o primeiro homem e o gênio apresentou-se:
Bom dia! Hoje é seu dia de sorte! Vou realizar um desejo seu.
Não me venha com brincadeiras! – o homem empurrou o gênio, zangado, e seguiu seu caminho.
O segundo a passar respondeu a rir:
Prove que você é um gênio. Faça aparecer em minhas mãos uma cesta de deliciosos figos.
Você já fez um pedido – o gênio desapareceu deixando o rapaz com uma cesta de figos nas mãos.
Mais tarde passou por ali uma jovem recém casada que desejava fazer uma bela viagem com seu amado marido e pediu:
Quero duzentas moedas de ouro!
O gênio suspirou.
Da cidade surgiu correndo uma velha a gritar:
Senhora, seu marido faleceu, mas deixou-lhe um seguro de vida no valor de duzentas moedas de ouro.
E o dia prosseguiu assim. As pessoas passavam e o gênio oferecia-se para realizar um pedido. Ao pôr-do-sol passou por ali um cego, que ao nascer fora abandonado na porta da mesquita e que vivia de esmolas.
Boa tarde! Hoje é seu dia de sorte! Sou um gênio e vou realizar um pedido seu. Um só.
O cego sorriu, pensou, pensou, e por fim decidiu:
Gênio, quero ver minha bela esposa e meus filhos passeando no jardim de minha mansão.
Alá seja louvado! – exclamou o sultão – Um homem assim inteligente deve ser meu conselheiro.
Um homem assim esperto eu quero para genro! – afirmou o grão-vizir.
E assim aconteceu.
Quando esta estória espalhou-se em Bagdá, o povo compreendeu que um gênio só é útil para quem sabe pedir.
Aladim, satisfeito, mandou esculpir nos muros de seu palácio os seguintes dizeres:
“A sorte de cada um depende de suas escolhas.”


esta estória, da autoria de Sonia Rodrigues, ganhou o primeiro prêmio no Concurso Estórias Infantis do jornal "A Tribuna", Santos, em 2004

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