segunda-feira, dezembro 27, 2010

O clone

A solução, afinal!

Dizem que, em Santos, são 24 mil a mais. Em alguns lugares, consegue ser pior, chegando a cinqüenta por cento o número de mulheres na população.
Para onde quer que se olhe, há mulheres. As universidades estão inflacionadas de mulheres. Os bancos, a mídia, até locais tradicionalmente masculinos como associações de escritores e estádios de futebol vão, aos poucos, se locupletando de mulheres.
Ouvi dizer, a boca pequena, que ao Grão-Mestre da Maçonaria foi sugerida a conveniência de recolocar a figura da Deusa acima do Grande Arquiteto do Universo e a abertura do Templo às fêmeas da espécie.
O certo é que a solução apareceu.
Alegrem-se, mulheres! Chegou o clone! Todos os nossos problemas existenciais se acabaram.
Sem par para sábado `a noite? Que tal um clone do Tom Cruise, do Cláudio Heinrich ou do Marcelo Antony? Você poderá escolher entre bons dançarinos, gourmets, esportistas, intelectuais, tímidos ou garanhões. Homens para todos os paladares. Dos catorze aos oitenta anos haverá um amplo leque de escolhas, de Bruno de Luca a Mário Lago.
Se você acha que estou exagerando, acompanhe a filha adolescente à boate ou à praia e constate: até mesmo para a deslumbrante Todo-poderosa com tudo em cima perfeita em todos os detalhes não está fácil arrumar um homem.
É claro, deverá haver severas normas a serem obedecidas para a clonagem:
Regra n º 1 - Com exceção de Madre Teresa de Calcutá (cujos clones deverão ser recomendados a todos os governos do planeta), nenhuma mulher poderá ser clonada.
Regra n º 2 -Será terminantemente proibida a clonagem de panacas, fubangas, malas sem alça e chatos de todos os tipos.
Regra n º 3 - Sob hipótese nenhuma serão clonados tipos nocivos à sociedade, tais como políticos, economistas e sociólogos com pretensões à presidência da República.
§único – A violação da regra 3 será considerada crime hediondo e punida com a morte sob tortura iroquesa.
Como? Alguém ousa levantar a voz contra a clonagem? Reflitam, mulheres!
O excesso populacional feminino é, há muito, conhecido, e alguns povos resolveram o problema muito praticamente através do genocídio de recém-nascidas. Será que adotaremos este método bárbaro? Há outras soluções igualmente extremistas – comunidades gays ou cavernas para eremitas, cuja falta de conforto ou calor humano não me atraem nem um pouquinho.
Recuso a priori a solução árabe – o harém – pois, com meu sangue latino, sou ciumenta, possessiva, exclusivista e não tenho alma de escrava. No meu pedaço mando eu!
Mulheres, à luta!
Mobilizemo-nos a favor da clonagem.
Vivam os homens! Na falta de um original, viva o clone!
Se necessário for, conquistaremos o poder! Mudaremos as leis! E modificaremos até o Livro Sagrado, pois, do jeito que as coisas vão, com esta escassez de homens, para a grande maioria das mulheres a verdade é:
“...ainda que eu tenha o dom da profecia, ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver um clone, nada serei.”

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